Investimento estrangeiro bate recordes no Brasil
Os investimentos estrangeiros no Brasil bateram em Julho a marca de 1600 milhões de dólares ? cerca de 1300 milhões de euros. Trata-se de um recorde histórico: é a maior entrada de capital externo já registado num mês de Julho desde 1947 e o melhor resultado mensal desde Novembro do ano passado. Os recursos estrangeiros aplicados na economia brasileira mais do que duplicaram no último mês ? em Junho tinha sido registado o ingresso de 737 milhões de dólares (cerca de 609 milhões de euros).

O acumulado do primeiro semestre atingiu 5600 milhões de dólares ? equivalentes a 4,6 mil milhões de euros ? de investimentos estrangeiros diretos. A meta do Governo para o ano é de 12 mil milhões de dólares (cerca de 9900 milhões de euros).

A entrada de capital externo reforça os sinais de expansão da economia brasileira. A retomada do crescimento começou a apresentar os primeiros sinais em Novembro. O Governo espera que até ao final do mês saia a confirmação dos indicadores da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo os quais o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro semestre do ano cresceu 4,5 por cento. "O ingresso de capital estrangeiro no país está de acordo com a recuperação esperada no segundo semestre", afirmou o chefe do Departamento Económico do Banco do Brasil, Altamir Lopes.

A projecção do banco central para o mês de Agosto é que sejam captados mais 700 milhões de dólares (cerca de 580 milhões de euros), sendo que 550 milhões (cerca de 459,9 milhões de euros) já tinham sido recolhidos até ontem.

O Brasil registrou também um excedente comercial de 3,5 mil milhões de dólares em Julho ? aproximadamente 2,8 mil milhões de euros. Em doze meses, o saldo positivo das transações correntes chegou a 8900 milhões de dólares ? cerca de 7360 milhões de euros. O volume de recursos equivale a 1,69 por cento do PIB. Essa proporção também é recorde e repetiu o patamar de Março de 1989, mas revela que a actividade interna ainda é fraca. PAULO EDUARDO DE VASCON- CELLOS, RIO DE JANEIRO Pequenos empresários portugueses mantêm fluxo O investimento português no Brasil, nos últimos quatro meses, tem sido caracterizado por operações pequenas, inferiores a um milhão de dólares, revelou à agência Lusa fonte do banco central (BC) brasileiro. Estas operações, que não são discriminadas pelo BC, já somam este ano 34 milhões de dólares (28 milhões de euros), o que comprova a vinda contínua para o Brasil de pequenos investidores portugueses, informou a mesma fonte. Em 2003, o total destas operações foi de 47 milhões de dólares (39 milhões de euros). No mês passado, dos oito milhões de dólares (6,6 milhões de euros) de investimentos provenientes de Portugal, 75 por cento (cinco milhões de euros) referem-se a pequenas operações. Os outros dois milhões de dólares (1,6 milhões de euros) foram aplicados no sector da construção pela Braest Participações, do grupo Somague.

No entanto, os investimentos portugueses no Brasil, que já somam este ano 214 milhões de euros, poderão aumentar significativamente no âmbito das Parcerias Público-Privadas (PPP), admitiu o economista do BC. O projecto das PPP, que ainda necessita da aprovação do Senado federal, pretende atrair investimentos para o sector de infra-estruturas com a criação de "joint-ventures" entre o Governo brasileiro e a iniciativa privada. "Se o projecto da PPP não for aprovado e os investimentos em infra-estruturas não acontecerem já, os actuais movimentos de expansão da produção industrial e de criação de empregos não passarão de uma 'bolha' de efémera e decepcionante duração", refere a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos num documento a que a agência Lusa teve acesso. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que o Brasil necessita de cerca de 38 mil milhões de reais (10.600 milhões de euros) de investimentos por ano para recuperar as infra-estruturas do país.

De acordo com o Instituto do Comércio Externo Português (ICEP), existem mais de 400 empresas com capital português no Brasil, garantindo cerca de 100 mil empregos em diversos sectores, como telecomunicações, energia, concessões rodoviárias e de água e saneamento, comércio e cimentas. Dados do banco central indicam que os portugueses têm cerca de 11 mil milhões de dólares (9000 milhões de euros) investidos no Brasil, a maior parte (7,8 milhões de euros) aplicados entre os anos de 1998 a 2002. Este ano, o maior investidor português no Brasil continua a ser o grupo Sonae, líder de mercado na região sul na área de distribuição, com investimentos de 127 milhões de dólares (105 milhões de euros).