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/ A Economia portuguesa nos próximos dois anos 9.Fev.2005
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
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A Economia portuguesa nos próximos dois anos

Em 2004, a revisão reflecte um contributo mais negativo da procura externa do que inicialmente previsto, enquanto que em 2005 é esperado que o retorno ao processo de ajustamento dos desequilíbrios internos e externos, leve ao abrandamento do ritmo de crescimento da procura interna e a uma forte aceleração das exportações. Para 2006, as previsões apontam para a consolidação do padrão de crescimento de 2005, com base na expansão das exportações, e para a consolidação do processo de correcção dos desequilíbrios internos.

Quanto ao comportamento da economia em 2004, o documento refere que este resultou sobretudo de um aumento considerável do consumo privado, o qual foi acompanhado por um forte crescimento das importações. O aumento destas, para além de ter sido influenciado pela expansão do consumo de bens duradoiros, foi também afectado pelo aumento do preço do petróleo. Este padrão de crescimento, para além de ter interrompido a correcção do défice externo, implicou também a quebra da taxa de poupança das famílias e o agravamento do endividamento de todos os agentes económicos, com excepção do sector bancário. Positiva parece ser a informação contida no documento de que o maior grau de endividamento das famílias resulta, principalmente, do aumento do número de famílias endividadas, e não tanto do aumento do endividamento médio por família, pois tal sugere que a provável subida de taxas de juro será, em termos médios, menos penosa.

As estimativas apresentadas para 2005 e 2006 suportam um cenário de retorno a um padrão de crescimento mais sustentado, permitindo a estabilização do défice das balança corrente e de capital e o retorno da taxa de poupança das famílias para valores em torno dos 11,5% do rendimento disponível. Um crescimento mais moderado da procura interna resultará do agravamento da situação financeira das famílias, em consequência do aumento do endividamento e do peso do serviço da dívida, limitando o recurso ao crédito, e reduzindo o investimento em habitação; também a necessidade de retomar uma política de consolidação orçamental, implicará um crescimento moderado da despesa pública, mas, afectará, sobretudo a contracção do investimento público. Apenas o investimento do sector empresarial privado é esperado registar uma evolução positiva. No que concerne à procura externa, as previsões do Banco de Portugal apontam para uma forte aceleração do ritmo de crescimento, o qual passará de 6,8% em 2004, para 7,5% e 8,6% em 2005 e 2004, respectivamente. Estas estimativas assentam numa perspectiva positiva para a evolução do comércio mundial e para uma melhoria da competitividade da economia portuguesa, implicando um crescimento moderado dos custos do trabalho.

As estimativas para a taxa de inflação apontam para uma descida ao longo do período em análise, reflexo de um crescimento mais moderado do preço dos bens importados, tanto por via da apreciação do euro, como da descida gradual do preço do petróleo. Também um crescimento moderado da actividade interna suportará um crescimento mais moderado dos preços.

Contudo, este cenário não está isento de riscos, e estes apontam para que o crescimento da economia se venha a mostrar mais fraco do que o estimado. Estes riscos prendem-se com uma possível subida das taxas de juro, com a valorização do euro e com a possibilidade de um menor crescimento da economia mundial, limitando a expansão do comércio internacional. A nível interno, o principal factor a condicionar o crescimento do produto, será a possibilidade de ser levada a cabo uma política orçamental mais restritiva, a qual poderá implicar tanto o controle mais apertado da despesa pública como o agravamento da carga fiscal. Face aos riscos existente, o Banco de Portugal estima probabilidades de 60% e 65% de que o crescimento real da economia fique abaixo das projecções agora estimadas para 2005 e 2006, respectivamente.

As estimativas do BPI para o crescimento da economia em 2005 e 2006, embora ligeiramente mais negativas, apresentam-se muito próximas das do Banco de Portugal. Resumidamente, os riscos são os mesmos, mas consideramos que o contributo da procura externa para o crescimento do PIB manter-se-á marginalmente negativo ao longo do período, reflectindo, sobretudo, uma menos forte expansão das exportações.

O SECTOR EXPORTADOR

De acordo com um artigo publicado no último Boletim Económico acerca da evolução da quota de mercado das exportações nacionais para o mercado intracomunitário, que analisa a evolução das exportações entre 1997 e 2003, Portugal sofreu uma perda acumulada de 10,7% de quota de mercado, perda esta concentrada entre 1997 e 2000, já que no três anos subsequentes se verificou um pequeno ganho (3,3%).

O estudo calcula dois tipos de efeitos na evolução da quota das exportações: o efeito estrutura que avalia de que modo é que a estrutura produtiva do sector exportador se traduz num maior potencial de crescimento das exportações, e o efeito quota de mercado que avalia em que medida é que esse potencial é utilizado. Conclui-se o efeito quota de mercado contribuiu em 6% para a perda de quota, sugerindo que aquele período foi marcado pela deterioração da competitividade das exportações portuguesas, enquanto que a composição por produtos das exportações contribuiu em 4,6% para a evolução da quota, sugerindo que os investimentos efectuados naquele período não foram canalizados para sectores produtivos com maior procura no mercado externo. Com efeito, o estudo refere que os pontos fracos da estrutura produtiva portuguesa, resultam, sobretudo, do facto de Portugal manter ainda uma quota bastante importante (33,5%) na comercialização de produtos mais trabalho intensivo, como sejam têxteis, vestuário, calçado e recursos naturais, os quais se apresentam mais permeáveis à concorrência de países emergentes. Mais, apesar de nos últimos 20 anos ser ter assistido à diminuição do peso da importância da comercialização de têxteis, vestuário e calçado, estes produtos ainda representam 24% do total das exportações nacionais, sendo previsível que a abolição das tarifas às importações de têxteis da China, será mais um factor a limitar a expansão das exportações portuguesas. Simultaneamente salienta-se, que apesar do aumento da capacidade produtiva em sectores mais especializados, como sejam máquinas e material de transporte, verifica-se que o peso dos mesmos nas exportações portuguesas ainda se encontra abaixo da média da União Europeia. Este cenário parece indicar que o sector exportador português continuará sobre pressão, podendo ainda verificar-se mais perdas de quota de mercado, pelo menos no curto prazo, enquanto o sector produtivo nacional se ajusta à produção de bens transaccionáveis. Pela positiva destaca-se que os condicionalismos que afectam a economia portuguesa, como seja a previsível redução do investimento em habitação e as restrições orçamentais que limitarão a evolução do investimento público, nomeadamente no sector das obras públicas, favorecerão uma viragem do sector empresarial para outros mercados, permitindo a dinamização do sector produtivo e facilitando a adopção de um modelo de crescimento mais sustentado.

*Teresa Gil Pinheiro, do BPI
Fonte: Diário Economia - 28/01/2005


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