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/ O crescimento das multinacionais dos países emergentes. 5.Jun.2012
   
   
   
   
   
   
   
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O crescimento das multinacionais dos países emergentes.


O novo contexto de abertura e maior facilidade de comunicação e colecta de informações faz parte do novo estágio tecnológico em que o mundo se encontra. Assim, a relativa protecção natural que os países se beneficiavam reduziu-se, e a competição internacional é mais rápida e intensa. Mas, ao mesmo tempo, a globalização abre novos mercados e oportunidades.

Este encurtamento de distâncias, e a consequente maior autonomia das economias locais e regionais, faz os investidores alcançarem o mercado internacional com maior eficiência. Pode possibilitar também que os importadores tenham acesso a produtos e serviços mais baratos e que os consumidores disponham de maior informação na escolha de um produto ou serviço.

Assim, na actualidade, os nomes das empresas multinacionais (muitas vezes, é difícil saber realmente a sua origem devido à diversidade de actores, de vários países) de um conjunto diversificado de países, chamados emergentes, fazem parte das conversas regulares das empresas e países, bem como das manchetes da imprensa internacional. Isto reflecte o facto de que empresas como a Tata e Mittal (Índia), China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), Haier e a Lenovo (PRC), a Embraer (Brasil), SAPMiller (África do Sul) e Cemex (México) estão cada vez mais a expandir a sua actuação internacional, sozinhas ou em conjunto com empresas dos mais variados países. Contribuem para isso as políticas macroeconómicas sadias do país, orçamentos públicos equilibrados, pois sabe-se que a estabilidade é uma das bases para o investimento internacional.

O IDE das economias emergentes cresceu consideravelmente, de menos de 4% na década de 70 para 18% do total mundial em 2008. Nos anos 1980, sua parte de "outflows" globais atingiram 10% em 1982, principalmente devido à diminuição dos "outflows" dos países desenvolvidos durante a recessão provocada pela segunda crise do petróleo. Aumentou nos anos 1990 e permaneceu acima de 15% durante o período 1993-1997. Desta vez, os "outflows" foram dirigidos pela expansão internacional das MNEs asiáticas, um processo somente interrompido temporariamente pela crise financeira naqueles países.

Entretanto, foi somente a partir dos anos 1990 que os fluxos de IDE das economias emergentes assumiram proporções significativas em termos absolutos. Os dados agregados sugerem que eram aproximadamente $3 bilhões em 1980, vindo a aumentar para $13 bilhões dez anos mais tarde, ascendendo para o pico de $147 bilhões em 2000.

Ressalta-se que os fluxos de IDE devem ser interpretados com cuidado. A sua volatilidade é em parte o resultado de transacções muito altas em determinados anos que envolvem centros financeiros "offshore" e Hong Kong (China). Por exemplo, em 2000, Hong Kong, junto com os três centros "offshore" de Bermudas, Ilhas Virgens Britânicas e Ilhas Cayman, representavam 76% de todos os "outflows" das economias emergentes. Em certos anos durante os anos 1990, os fluxos de IDE de Hong Kong (China) eram quase tão altos quanto os fluxos de todas economias emergentes combinadas. Não obstante, mesmo descontando IDE dos centros financeiros "offshore" e do Hong Kong (China), houve uma tendência claramente ascendente do IDE "outflows", que alcançaram seu nível mais elevado em 2007: US$ 304,4 bilhões.

O crescimento do investimento directo estrangeiro se dá também dentro das economias emergentes. As estimativas da UNCTAD sugerem que o IDE Sul-Sul se expandiu rapidamente nos últimos 15 anos. De US$ 2 bilhões em 1985, aumentou para US$ 68 bilhões em 2004 (46% do total de IDE dos países emergentes).

O volume do Sul-Sul do IDE (excluindo-se os centros financeiros offshore) é intra-regional por natureza. Durante o período 2002-2004, os fluxos anuais intra-Ásia atingiram quatro quintos de todos os fluxos. O segundo maior canal de IDE dentro do grupo de países emergentes é o investimento intra-regional dentro de América Latina, dirigida principalmente por investidores da Argentina, Brasil e do México. O IDE entre América Latina e África foi insignificante. Mais de 50% de todos os investimentos em Botswana, Congo e Lesoto vêm dos investidores sul-africanos. Além disso, é possível que a orientação Sul-Sul no IDE seja omitido nos dados oficiais, pois uma quantidade significativa de tal investimento encontra-se no sector informal das economias de baixo rendimento. A importância relativa do Sul-Sul é confirmada por dados referentes a investimento greenfield, em especial na África e Ásia ocidental.

No caso brasileiro, a partir dos anos 2000, o processo de internacionalização das empresas brasileiras intensificou-se ainda mais. O Brasil foi o principal investidor estrangeiro da América Latina em 2002, com investimentos de US$2,5 mil milhões de euros. Os investimentos diminuíram em 2003, assim como o IDE mundial, entretanto em 2004 continuaram a sua trajectória ascendente, colocando o Brasil entre os 5 maiores investidores dos países emergentes.

Este quadro continuou a consolidar-se em 2005 e atingiu o maior pico em 2006, com empresas brasileiras a investir em variados sectores e países em maior montante do que os investimentos estrangeiros no Brasil. Com efeito, em 2006, o volume de investimentos directos efectuados do Brasil para o exterior foi, pela primeira desde que são contabilizados (1968), maior do que o de investimentos recebidos, e a tendência de internacionalização continua até a actualidade.

Estes novos actores no investimento internacional fazem com que haja profundos impactos sobre os países e empresas. Um grande ensinamento é ter a abertura para encontrar as acções corretas, seja de onde vierem. Quanto maior conhecimento, maior a responsabilidade. No livro a ser publicado no segundo semestre deste ano tais reflexos serão analisados em profundidade.


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* Cristiano Cechella é economista. Mestre em Economia Empresarial pela Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro, e Doutor em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão, de Lisboa, assina esta série de artigos especiais para o Portugal Digital sobre o investimento brasileiro no mercado português. E-mail: .





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